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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Amado e os "casos"...



Amado Benigno foi um goleiro que atuou pelo clube de 1923 até 1934, fazendo 124 partidas com o Manto Sagrado. Nascido em Manaus, no ano de 1903, estreiou pelo Flamengo no dia 6 de maio de 1923, na vitória por 3x1 sobre o São Cristóvão. Conquistou três títulos pelo clube, o mais importante entre eles foi o Campeonato Carioca de 1927. É o 15° goleiro com mais jogos pelo clube. Jogou também uma vez pela Seleção Brasileira, em um amistoso Brasil 4 x 2 Rampla Juniors-URU, em 1929, no estádio de São Januário. 

Amado revesava no gol do Flamengo com outros goleiros, até se firmar como titular em 1926. Em 1927 vem sua consagração com o título Carioca, um dos títulos mais importantes conquistados pelo clube até então, pois a Associação Paulista de Sports Athléticos havia suspendido o Paulistano, e o Flamengo cedeu o campo da Rua Paissandu para que o time paulista disputasse alguns amistosos nesse período. Como retaliação e apoio político à entidade paulista, a Associação Metropolitana de Esportes Athléticos suspendeu o Mengão por um ano. 

Impedidos de jogar, alguns jogadores do Flamengo deixaram o clube. A punição porém foi revogada, e o clube teve que reconstruir o seu elenco, contratando antigos jogadores e incorporando algumas revelações como Flávio Costa. Apesar de todas as dificuldades no início do campeonato, como a goleada de 9 x 2 sofrida para o Botafogo, o time reagiu e conquistou o título estadual ao vencer na última rodada o América, jogo esse do histórico gol de Moderato.

Na véspera da final do Campeonato Carioca de 1928, que poderia dar o Bicampeonato ao Flamengo, o jogador Preguinho do Fluminense, que disputou a Copa do Mundo de 1930 no Uruguai, recebeu um  telegrama supostamente enviado pelo goleiro do Flamengo, Amado. “És sopa! Amanhã não farás gol!”. O atacante tricolor revoltado, respondeu  dizendo: “Farei dois gols, no mínimo”. 

No primeiro minuto de jogo, Amado falhou ao repor a bola em jogo e Preguinho fez 1 x 0. Aos 10 minutos do primeiro tempo, Preguinho ampliou. Promessa cumprida, infelizmente pra nós. O resultado do jogo foi 4 x 1 para o Fluminense, que venceu o campeonato. Só muito tempo depois se veio descobrir que Amado jamais havia lhe mandado qualquer telegrama, e a "provocação" foi obra de um sócio do Fluminense, Affonso de Castro, o Castrinho.

Quando jogava no Flamengo, Amado chegou também a dar uma de olheiro para o clube, pois ao observar um garoto que jogava nas categorias de base do Fluminense o convidou para jogar no Flamengo. Seu "assédio" porém não foi bem sucedido, mas não foi culpa dele. O grande problema foi que esse garoto se chamava Oscar Niemeyer, e o mesmo não aceitou o convite, pois não pretendia seguir carreira como jogador de futebol, que na época era um esporte amador e não permitia que os atletas sobrevivessem daquilo. Amado, por exemplo, era médico, profissão que continuou a exercer após encerrar sua carreira de jogador. O ex-jogador faleceu em 1965.

Amado é um dos Heróis do Mengão!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O paraguaio Sinforiano Garcia



Já vimos aqui no blog que muitos jogadores estrangeiros tiveram importância na história do Flamengo, alguns com gols, casos do argentino Valido e do sérvio Petkovic, outros criando jogadas de gol para seus companheiros, caso do inglês Sidney Pullen, e outros combatendo os ataques adversários, como o paraguaio Modesto Bria. Seguindo a nacionalidade do último, e de alguma forma a mesma função, está Sinforiano Garcia, o segundo goleiro estrangeiro a defender a meta do Mengão.

O primeiro estrangeiro a ser goleiro do time foi José Tunel Caballero, o Talladas, que jogou no clube em 1937, fez 18 jogos sem deixar nada de importante para o clube. Garcia, por outro lado, fez história na década de 50 tendo disputado 276 partidas e sendo um dos destaques do time na conquista do Tricampeonato Carioca de 1953/54/55.

Nascido em Puerto Pinasco, no ano de 1924, García começou sua carreira defendendo o Atlético Corrales-PAR, mas logo se transferiu para o Club Cerro Porteño. Em 1945, foi convocado pela primeira vez para a seleção paraguaia, onde disputou ao todo 20 partidas. Disputou os Campeonatos Sul-Americanos de 1947 e 1949, sendo vice-campeão nos dois torneios. No torneio de 1949 foi o destaque na vitória por 2x1 sobre o Brasil, forçando a realização de um jogo extra para decidir o título. Apesar da derrota por 7 a 0, chamou a atenção dos dirigentes do Mengão e foi contratado para defender o clube.

Considerado um dos maiores goleiros da história do clube, Garcia era um goleiro grandalhão, pouco ágil, mas de excelente colocação e reflexo apurado. Saía do gol com perfeição e com suas defesas seguras e muitas vezes arrojadas, Garcia logo caiu nas graças da torcida. Em 1950, sofreu uma fratura na cravícula, quase abandonando o futebol. Recuperou-se e participou da conquista do Tricampeonato Carioca em 1953/54/55, sendo um dos símbolos da equipe.

Deixou de jogar pelo Flamengo em 1958. Ao longo de quase 10 anos no clube, Garcia conquistou um total de doze títulos, e é até hoje o segundo jogador estrangeiro com mais partidas pelo clube, só perdendo para Modesto Bria com 369 jogos.

Após se aposentar como jogador, García foi treinador, e trabalhou no Cerro Porteño e no Brasil pelo Coritiba.

Sinforiano Garcia é um dos Heróis do Mengão!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O injustiçado Luiz Borracha


Luiz Borracha era reserva de Jurandir no gol do Flamengo durante a campanha do primeiro Tricampeonato Carioca. Era um goleiro ágil, forte, seguro, elástico e modesto. Não gostava de chamar a atenção de ninguém. Treinava, jogava, entrava e saia do time, tudo o mais discretamente possível. Sempre que entrava, fazia defesas eletrizantes com saltos acrobáticos. Tamanha era sua elasticidade, recebeu o apelido de “Luiz Borracha”, dado pelo locutor esportivo Ary Barroso. Foram 154 jogos com o Manto Sagrado, cinco títulos conquistados, sendo os mais importantes os Campeonatos Cariocas de 1943/44. Luiz Borracha era o goleiro que defendia o clube na maior goleada ocorrida em um Fla-Flu, os 7x0 de 1945, em que Pirilo fez quatro gols. 

O jogo mais marcante de sua carreira no Flamengo, entretanto, foi uma derrota para o Botafogo, na qual sofreu incríveis cinco gols em 18 minutos, sendo substituído sob intensas vaias da torcida rubro-negra. Foi acusado por dirigentes rubro-negros de ter se vendido ao Botafogo e saiu do time. Após deixar o futebol, as pessoas esqueceram seus dias de glória e Luiz Borracha passou por momentos difíceis em sua vida. Anos depois, reparadas as injustiças, o ex-goleiro voltou à Gávea como massagista do time principal do Flamengo. 

Luiz Gonzaga de Moura, o Luiz Borracha, nasceu em Lavras (MG), no ano de 1920. Começou sua carreira no Minas S. C., time de Barra Mansa (RJ), em 1938, ficando no clube até 1942. Em 1943, é contratado pelo Flamengo para ser reserva de Jurandir. Foi o técnico Flávio Costa quem o lançou na equipe principal do Mengão, e foi ele quem o levou para defender a Seleção Carioca e a Seleção Brasileira. Disputou a Copa América de 1946, e foi campeão da Copa Rio Branco em 1947. Assume o gol do Flamengo com a saída de Jurandir, em 1946, e fica no clube até 1949. 

Passou a contar com a antipatia da torcida após ter falhado em um gol contra o Botafogo, numa partida ocorrida no ano de 1948, em General Severino. A bola vinha para Luiz Borracha, mas Biguá se choca com ele e na sobra Braguinha marca o gol para o Botafogo. Após o lance, Biguá olha para Luiz Borracha com as mãos na cintura e acaba o jogando contra a torcida. Naquele lance Luiz Borracha estava sendo enterrado para o futebol. Dirigentes o acusaram de ter se vendido ao Botafogo e ele terminou saindo do time. As portas dos times grandes se fecharam para o goleiro, por medo de que a acusação fosse verdade. Luiz Borracha era uma vitima, ninguém conseguiu provar as acusações que lhe foram feitas, mas para uma injustiça ser reparada é preciso que o autor da acusação se retalie, fato que nunca ocorreu. 

Após essa polêmica vai para o Bangu (RJ), onde fica até 1951. Logo após se transfere para o São Cristóvão (RJ), e em 1953, vai para o Atlético Nacional (VEN), onde se aposenta em 1954. Luiz Borracha terminou como limpador de automóveis. 

Mesmo magoado com a situação que o levou a deixar o clube, acabou retornando ao Flamengo para integrar a comissão técnica, em 1956, após convite do ex-companheiro de time Jaime de Almeida. Os dirigentes do clube lhe ofereceram um cargo de auxiliar de massagista, foi retirada a calúnia que envolvia seu nome e ele passou a viver em paz. Luiz Borracha recuperou-se com a sociedade, mas seus anos perdidos no futebol ninguém conseguiria devolver. Foi um preço alto demais para um grande goleiro do Flamengo e da Seleção Brasileira. Talvez o destino tenha resolvido cobrar essa injustiça feita pelos dirigentes do clube, e quem pagou a conta foi o próprio Flamengo. 

Luiz Borracha teve um filho, apelidado de Borrachinha, que jogou nas divisões de base do Flamengo, mas não foi aproveitado. Após rodar por muitos clubes, Borrachinha foi parar no Botafogo. Entre 22/10/1978 e 27/05/1979, o Flamengo jogou 52 partidas, com 43 vitórias e 9 empates, recorde de invencibilidade para um time brasileiro, junto com o Botafogo. No dia 03/06/1979 o Flamengo jogaria no Maracanã contra o próprio Botafogo para estabelecer um novo recorde de 53 vitórias. Após o goleiro titular se machucar, Borrachinha começaria como titular, justo contra seu ex-time e do seu pai. Diante de 139.098 pessoas aconteceu o improvável, vitória do Botafogo por 1 a 0, gol do Renato Sá, que anos atrás também tinha colocado fim na invencibilidade de 52 jogos do Botafogo. Borrachinha foi um dos destaques do time alvinegro, com inúmeras defesas que lembraram os velhos tempos de seu pai. 

Luiz Borracha faleceu no Rio de Janeiro, em 1993.

Luiz Borracha em ação num clássico contra o Botafogo.
Luiz Borracha é um dos Heróis do Mengão!

domingo, 26 de junho de 2011

O Rei dos Pênaltis

Jurandir com a faixa de Tricampeão Carioca de 1942/43/44

A história recente dos goleiros do Flamengo pode ser marcada com as inúmeras cobranças de pênaltis defendidas por eles. A conquista do Campeonato Carioca desse ano foi marcada pelas defesas de Felipe nos jogos semifinais dos dois turnos, contra Botafogo e Fluminense, além do pavor que transmitiu aos batedores vascaínos na final da Taça Rio. 
Alguns anos atrás era Bruno, que durante o quinto Tricampeonato Carioca do clube, em 2007/08/09, abriu e fechou a série defendendo cobranças de pênaltis do Botafogo, levando os alvinegros ao Chororô. Durante a campanha do Hexacampeonato Brasileiro em 2009, Bruno também aterrorisou muitos cobradores, como no épico jogo contra o Santos, onde defendeu duas cobranças do meia Ganso.

O desempenho de ambos os goleiros, apesar de alto, não lhes rendeu a alcunha de "Rei dos Pênaltis". Coube a outro goleiro rubro-negro tal distinção, Jurandir.
Jurandir foi um goleiro que fez fama no Palestra Itália, mas que se consagrou definitivamente no Flamengo. Defendeu o clube em 107 jogos, de 1942 até 1946, sendo importante peça da equipe que conquistou o Tricampeonato Carioca de 1942/43/44. Apelidado de “Rei dos Pênaltis”, comandou com Domingos da Guia e Newton Canegal uma das mais eficientes zagas da história do clube.

Jurandir Corrêa dos Santos nasceu em São Paulo, no ano de 1912. Iniciou sua carreira em 1930, no São Bento, clube onde ficou até 1933. Em 1934, transfere-se para o São Paulo da Floresta, clube em que fica por pouco tempo, pois logo em seguida vai para o Fluminense. É no Palestra Itália, hoje Palmeiras, que chama a atenção do público e faz fama. Chega em 1935 e fica até 1939, conseguindo o Campeonato Paulista de 1936 e a convocação para a Seleção Brasileira. Defendeu a Seleção em oito jogos, disputando inclusive o Campeonato Sul Americano de 1937. O sucesso lhe rende um convite para jogar no futebol argentino, em 1940, onde joga pelo Ferro Carril Oeste, e pelo Giminasia Y Esgrima, em 1941.

Em 1942, o então treinador do Flamengo Flávio Costa pede à direção que contrate um goleiro para ser reserva de Yustrich, então titular do clube. O nome sugerido por ele era o do ídolo do Palmeiras, Jurandir. A diretoria do clube atende ao pedido do treinador e o contrata. Inicialmente reserva, Jurandir acaba barrando o titular na estreia do 2° turno do Campeonato Carioca, na vitória de 4x2 sobre o Canto do Rio. Daquele jogo em diante, Jurandir assume a titularidade e não sai mais do time até 1946.

Goleiro seguro e arrojado, o jogador obtém um recorde, recém igualado por Felipe, sofrendo a sua primeira derrota apenas em seu 25º jogo pelo clube. Foi em 3 de março de 1943, na derrota por 3x0 em um amistoso contra o Palmeiras. Durante esse período, levou 30 gols. 
Após sair do clube, em 1946, jogou por um ano no Corinthians. Em 1947, transfere-se para o Comercial, onde se aposenta em 1948. O jogador veio a falecer em 1972.
Jurandir é um dos Heróis do Mengão!