terça-feira, 12 de julho de 2011

O paraguaio Modesto Bria



Modesto Bria foi um paraguaio que Ary Barroso foi buscar em Assunção para brilhar no Flamengo. Volante de estilo clássico, Bria foi o ponto de equilíbrio de uma linha média que contava ainda com Biguá e Jaime de Almeida, trio que foi fundamental na conquista do primeiro Tricampeonato Carioca da história do clube. Sua paixão pelo Flamengo fez com que adotasse o Brasil como segunda pátria, vivendo aqui até sua morte, em 1996 no Rio de Janeiro. 

Nasceu em Encarnación, em 1922, e começou sua carreira no Nacional, em 1940. Com grandes atuações chama a atenção e é contratado em 1943 pelo Flamengo através de Ary Barroso. Rubro negro fanático, o compositor foi ao Paraguai de voo fretado para não chamar a atenção dos dirigentes do time local, que quando perceberam já tinham perdido a sua grande promessa. 

Modesto Bria jogou por dez anos no Mengão, disputando ao todo 369 jogos e marcando 8 gols. Conquistou os dois últimos títulos da campanha do Tricampeonato Carioca de 1942/43/44 e o título Carioca de 1953, que viria culminar no segundo Tricampeonato Carioca do clube. Depois de encerrar a carreira Bria virou treinador das categorias de base e teve cinco passagens como técnico do time principal. Como jogador defendeu também a Seleção do Paraguai. 

Como treinador das categorias de base, Bria foi importante na formação de vários jogadores que viriam a fazer parte da Geração de Ouro do Mengão na década de 80. Quando treinava o time juvenil do Flamengo, em 1967, foi apresentado pelo radialista Celso Garcia a um menino franzino apelidado de Zico. Por conta do físico frágil do menino relutou em lhe dar uma oportunidade: “Espere aí, você está de brincadeira! Disse que ia trazer um garoto e trouxe um menino. Nós estamos fazendo aqui um trabalho sério de futebol e não fundando um berçário!”, disse Bria. Sem graça Celso Garcia pediu ao menos alguns minutos de chance para o garoto. Bria cedeu. Na primeira bola que Zico recebeu jogou a bola entre as pernas do zagueiro. Na segunda, deixou o ponta-direita na cara do gol. Durante o resto do treino o menino continuou a impressionar a todos com belas jogadas e não saiu mais do time. 

Outro grande ídolo do clube com quem Bria esteve diretamente ligado foi Júnior. Nosso eterno Maestro jogava algumas peladas na praia, e foi assistindo a uma dessas peladas que Modesto Bria, convidou o ambidestro Júnior para fazer testes entre os jovens rubro-negros. Aprovado, Júnior é até hoje o jogador que mais defendeu o Manto Sagrado.

Mozer deve boa parte do sucesso que obteve em sua carreira a Modesto Bria, o responsável por mudar a sua posição em campo. Mozer começou como atacante, mas Bria dizia que ele não passava de um centroavante deselegante, sem muito futuro no futebol. Mozer virou zagueiro, e é considerado por muitos o segundo maior de sua posição em toda história do clube. 

Nem só de acertos nas categorias de base viveu Bria. Antes de se profissionalizar no futebol, Nunes fez testes na escolinha do Flamengo, sendo dispensado pelo técnico paraguaio. Ao deixar a Gávea, Nunes profetizou: “Um dia eles vão me querer de volta, mas aí terão que desembolsar muito dinheiro”. Dito e feito! Alguns anos mais tarde, Nunes seria contratado para fazer história com a camisa 9 do Mengão.  

Como treinador do time principal, foram 83 jogos, com 45 vitórias, 15 empates e 21 derrotas. Modesto Bria era o treinador do time na maior goleada do Flamengo em Campeonatos Brasileiros Flamengo 8 x 0 Fortaleza, em 4 de fevereiro de 1981.

Modesto Bria é um dos Heróis do Mengão

Nenhum comentário:

Postar um comentário