26 de novembro de 2009. Primeiro dia de vendas dos ingressos para o último jogo do Brasileirão, Flamengo X Grêmio, jogo que viria a dar o Hexacampeonato do clube. Chego à Gávea por volta de 8:00, a fila dobra a sede do clube. Após muitas horas debaixo do sol chego na altura da entrada da sede, algumas árvores. Momentos de alívio. Converso com alguns torcedores quando observo um senhor meio fragilizado, de andar devagar, aproximando-se para entrar no clube. Reconheço o senhor, é Carlinhos. Falo com as pessoas próximas a mim, eles ficam em dúvida, mas quando passa em nossa frente eles tem a certeza. Confesso que sou meio bobo, quando vejo um desses monstros fico emocionado, como fiquei ao falar com o Leandro, Adilio e Júlio César "Uri Geller". Com jogadores normais não, a reação é normal.
"Obrigado Carlinhos por tudo que o senhor fez pelo Flamengo, tanto como jogador, quanto como técnico!" digo-lhe enquanto o cumprimento. Ele sorri timidamente e me diz "De nada, de nada...", e com todo o talento de quem comandou o meio campo do Mengão entre 1955 e 1970, ele me dribla, entra no clube para seu carteado e fico sem poder lhe pedir um autográfo...
"Obrigado Carlinhos por tudo que o senhor fez pelo Flamengo, tanto como jogador, quanto como técnico!" digo-lhe enquanto o cumprimento. Ele sorri timidamente e me diz "De nada, de nada...", e com todo o talento de quem comandou o meio campo do Mengão entre 1955 e 1970, ele me dribla, entra no clube para seu carteado e fico sem poder lhe pedir um autográfo...
Carlinhos, o Luís Carlos Nunes da Silva, nasceu no Rio de Janeiro, em 1937. Apoiador de estilo refinado, era um mestre na condução de bola. Por tratar a bola com muita elegância e carinho, foi apelidado de Violino. Fez toda sua carreira no Flamengo, sendo o sétimo jogador com mais jogos pelo clube, 517 jogos e 23 gols marcados. Como jogador foi Campeão Carioca em 1963 e 1965, e Campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1961. Como técnico foi Campeão Brasileiro em 1987 e 1992, Campeão Carioca em 1991, 1999 e 2000, além de Campeão da Copa Mercosul de 1999. Foi um dos poucos jogadores a ganhar o Prêmio Belfort Duarte, por nunca ter sido expulso de campo.
Sua história no Flamengo começa em 1954, no jogo de despedida de Biguá, que ao encerrar a carreira entrega suas chuteiras ao ainda jovem Carlinhos, formado nas categorias de base do clube após trocar o infantil do Botafogo pelo Flamengo. Flamenguista desde criança, entra no time jogando com ídolos pessoais, como Dequinha e Rubens.
Sua história no Flamengo começa em 1954, no jogo de despedida de Biguá, que ao encerrar a carreira entrega suas chuteiras ao ainda jovem Carlinhos, formado nas categorias de base do clube após trocar o infantil do Botafogo pelo Flamengo. Flamenguista desde criança, entra no time jogando com ídolos pessoais, como Dequinha e Rubens.
Carlinhos é considerado um dos melhores jogadores de meio campo de todos os tempos do futebol brasileiro, apesar de nunca ter feito carreira na Seleção Brasileira, disputando apenas uma partida, no ano de 1964 contra Portugal, no Maracanã. Esteve na lista de 41 jogadores convocados por Aimoré Moreira para a pré-preparação para a Copa do Mundo de 1962, mas para ter equilíbrio entre os convocados cariocas e paulistas, a comissão técnica acabou levando Zequinha, jogador do Palmeiras, para a reserva de Zito.
Repetindo o que fez Biguá, Carlinhos em sua partida de despedida, na vitória por 1x0 contra a Seleção Carioca pelo Troféu General Mendes de Morais, em 1970 no Maracanã, deu suas chuteiras para um garoto magricela que apontava como futuro grande craque... nada mais, nada menos do que Zico!
Carlinhos em sua despedida do futebol, entregando seu par de chuteiras para Zico. |
Mesmo após pendurar as chuteiras não perdeu vínculo com a Gávea, considerada por ele "sua segunda casa". Trabalhou no clube por muitos anos, e recebeu uma primeira oportunidade como treinador do time profissional ao substituir Paulo César Carpegiani, em 1983, onde atuou interinamente por apenas cinco partidas antes da chegada de Carlos Alberto Torres, que seria Tricampeão Brasileiro. Carlinhos chamava atenção pela habilidade com que diversas vezes contornou situações difíceis no clube, e em pouco tempo conseguiu se desvencilhar da condição de “eterno interino” passando a ser respeitado como treinador, após a conquista do Tetracampeonato Brasileiro, em 1987. Em 1991, com um time considerado mediano conquista o Campeonato Carioca. No ano de 1992, comanda o time na surpreendente reação no Campeonato Brasileiro e se sagra Pentacampeão sobre o Botafogo. Em 1999, assume um time recheado de garotos formados no clube e leva a equipe ao título Carioca e da Copa Mercosul. Sua última passagem pelo Flamengo ocorreu entre maio e outubro de 2000. Algum tempo após a sua demissão, Carlinhos assumiu o cargo de diretor técnico, cargou em que ficou por pouco tempo.
Carlinhos chegou a treinar outros clubes como o Guarani, mas foi no Flamengo que se firmou como grande treinador, tendo sete passagens pela Gávea. É considerado por muitos, inclusive pro mim, como melhor técnico da história do Flamengo, apesar da vasta lista de grandes treinadores que passaram pelo Mengão.
No dia 12 de fevereiro desse ano, Carlinhos foi homenageado pelo clube com um busto de bronze em uma praça dentro do clube batizada com o seu nome. Na cerimônia, o clube também lhe ofereceu sete medalhas comemorativas, uma por cada título conquistado como treinador da equipe rubro-negra.
Carlinhos é um dos Heróis do Mengão!
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